Eu queria mesmo era explodir
Sem contexto algum. Eu acordaria num dia ensolarado ou chuvoso e explodiria, e pronto.
Estamos sempre a um passo de uma necessidade de expressão que esbarra em nossos limites.
Às vezes a vontade de gritar aparece, mas junto com ela também vem a consciência de que não adiantaria, seria pouco. Grito? Berro? O que eu quero ainda não foi medido em decibéis.
Tem gente que quase explode de alegria, naquele sorriso rasgado e olhos brilhantes. Tem gente que implode na melancolia, retrai-se, abdicando da força teórica de que todos nós podemos explodir e nos dissipar no infinito.
Não, não existe essa teoria. Eu que andei aqui pensando com os meus botões explosivos.
A gente causa pequenas explosões amiúde na vida dos outros. A gente tira muita coisa do eixo e depois segue ileso. A gente não tem o controle do estopim. Em um teste precisamente organizado explodiríamos sozinhos.
Eu queria mesmo era confundir o estagiário do tablóide suburbano. Minha pior foto estampada na capa sob uma fonte de gosto duvidoso anunciando o evento: Explodiu.
Vou segurando essa necessidade até que não se comporte em meu espaço físico. E quando houver uma faísca, um sentimento de que é hora de parar, eu aconteço um big bang.
Diferente da música do Rappa, vocês verão os meus pedaços por aí, sim.